Associação da Hotelaria de Portugal. Retoma do setor acontecerá apenas com metade dos desembarques de 2019

05-11-2020

Hotelaria | Turismo

O presidente da AHP afirma que os hotéis, para um estado equilibrado e de normalidade, precisam 35% de ocupação. No entanto, é necessário um aumento significativo no número de turistas atual, de pelo menos 50% dos desembarques em Portugal relativamente ao período homologo de 2019. "Quando se diz 'então, mas quando é que é a retoma?' (...) Não sabemos. A incerteza é muito grande por força de não sabermos o resultado das vacinas", afirma Raul Martins.

O setor hoteleiro atravessa uma crise sem precedentes e com futuro incerto. O presidente da AHP afirma à revista Lusa que a "retoma existirá quando houver 50% do número de passageiros a desembarcar em Portugal, face a 2019". Por outras palavras, Raul Martins esclarece que, em 2019 a ocupação dos hotéis em Portugal foi de 70%. "Se tivemos 70%, 50% são 35%. Nós [hotelaria] com 35% de ocupação, um hotel normal está [com o resultado] equilibrado, está no seu 'breakeven' [ponto de equilíbrio entre ganhos e perdas], portanto não perde dinheiro".

De acordo com dados da Vinci, dona da ANA - Aeroportos de Portugal, em comunicado, em 2019 movimentaram-se quase 60 milhões de passageiros nos aeroportos portugueses. A crença de que a covid-19 "durava três meses" pouco durou, até porque os números desse período foram menores do que o previsto. Aliás, segundo o presidente, o setor da aviação prevê que apenas em 2024 se alcance as mesmas estimativas de transporte aéreo referentes ao ano anterior do início da pandemia, o que é problemático para Portugal, já que "depende do transporte aéreo mais de 90%", mencionou.

A confiança na eficácia da vacina, prevista para 2021, irá diminuir em 10% a quebra de receitas no setor hoteleiro, que no ano passado foi de 70%. Desta forma, "temos quatro anos, no fundo, a progredir a uma média de 10 a 15% ao ano. Dizendo de outra maneira: eventualmente só em 2022 é que estaremos a zero", afirma Raul Martins, que acredita que o ano que vêm trará ainda "muito prejuízo" para os hotéis nacionais.

Para finalizar, Martins lembra que o otimismo foi posto de lado depois do início da covid-19 em Portugal. As contas falam por si e as expectativas quedam-se reduzidas. "Em termos económicos não podemos pensar melhor do que isto, e se for melhor, quem nos dera, porque rapidamente aumentamos as nossas condições", concluiu.

Fontes: Notícias ao Minuto, AHP